No post de hoje - sobre cerâmica utilizada na construção civil – falaremos sobre o azulejo português, um tipo muito tradicional e marcante de cerâmica de revestimento. A palavra portuguesa azulejo é usada para denominar a placa cerâmica de revestimento que leva vidrado em apenas um de seus lados. Os esmaltes são compostos por três principais materiais: a sílica (que é o ingrediente essencial), um fundente (que diminui o ponto de fusão do verniz, uma vez que o da sílica é de aproximadamente 1700°) e a alumina (que torna o vidrado mais duro e resistente).
A cerâmica de revestimento possui infinita variedade de tratamentos superficiais que podem ser aplicados antes ou depois da primeira queima da peça. No caso do típico azulejo português, depois da secagem do vidrado (que ainda está cru), a peça pode ir para o processo de decoração característico: a pintura à mão. A pintura sobre o esmalte cru é relativamente difícil, uma vez que não permite correções e a água da tinta é sugada quase que automaticamente pela peça.
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A beleza particular desses azulejos antigos é resultado de pinceladas minunciosas, experiências de cor, de vidrado e de queima que difere de fornada para fornada, provocando um matizado de tonalidade de vidrados e cores fumadas (especialmente azul) característicos. Normalmente o resultado desejado aparece depois da segunda queima da peça já decorada.
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O azulejo transcendeu a idéia de elemento decorativo sendo, por mais de cinco séculos, um suporte importantíssimo para a expressão artística
Musa Tália,
c. 1670, MNA inv. 6914.
foto: José Pessoa (DDF-IPM)
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O emprego de uma só cor, azul, sobre o fundo branco permite uma maior concentração na pintura.
No início de setecentos, o pintor de azulejo volta a assumir o estatuto de artista assinando os seus painéis. O precursor desta situação foi o espanhol Gabriel del Barco, ativo em Portugal em finais do século XVII, introduzindo um gosto por envolvimento decorativo mais exuberante, e uma pintura liberta do contorno rigoroso do desenho. Hoje em dia ainda existem artistas que realizam este tipo de trabalho em cerâmica, normalmente em pequenos painéis feitos para algum revestimento específico.
Igreja da Madre de Deus,
Lisboa, c. 1700.
foto: Nicolas Lemonnier
Galeria das Artes»,
Palácio Fronteira, Lisboa, c. 1670.
foto: (DDF-IPM)
Sintra, António de Oliveira Bernardes,
primeiro quartel doséculo xviii.
foto: Nicolas Lemonnie
Escadaria, Palácio dos Marqueses de Minas, Lisboa,
PMP, primeiro quartel do século xviii.
foto: Nicolas Lemonnier
Fonte: Instituto Camões
Fonte: Instituto Camões